Auschwitz: OBRIGATÓRIO visitar antes de morrer

Auschwitz: O lugar onde jaz o terror
A nossa experiência e o que sentimos dentro do maior símbolo de extermínio humano

Sabes quando a vida real te parece um filme de terror?
Fomos visitar os campos de concentração de Auschwitz, na Polónia. Este que é o maior símbolo do Holocausto, mandado erguer pelo regime nazi de Adolf Hitler. E talvez o lugar mais triste em todo o planeta Terra.

Preparação da visita

Assim como em todos os lugares que visitamos, preparámos a visita aos campos de concentração com bastante antecedência. Isto para podermos obter as autorizações necessárias à entrada do Rafa connosco no espaço. Foi uma longa troca de emails que começou cerca de seis meses antes da nossa partida para a Polónia, de onde as respostas demoravam um pouco a chegar. No entanto, quando menos esperávamos, obtivemos finalmente a autorização expressa por parte do diretor dos museus da Polónia para que o nosso cão nos pudesse acompanhar nesta visita.

A nossa ida a Auschwitz ficou então agendada para a primeira hora da manhã, sem guia. Pois pretendíamos evitar grandes aglomerados de pessoas que viessem de excursões. Assim, teríamos mais margem de manobra e espaço para gravar os nossos vídeos.
Foram vários os filmes e documentários sobre a vida e sobrevivência naqueles campos que vimos antes desta viagem que seria, imaginávamos nós, cheia de História.
Tínhamos noção de que a ida a Auschwitz seria impactante. Por isso, queríamos que o nosso vídeo, ali gravado, tivesse igualmente impacto nos nossos subscritores. Assim, a ideia era mostrar o espaço, falando também para a câmara.
Ainda durante os dias anteriores, terminámos os preparativos do roteiro com as dicas dos nossos amigos, Vanessa e Luís, com quem vínhamos em viagem desde Berlim. Uma viagem animada até Oświecim, onde chegámos no dia anterior a esta visita.

Uma visita que mudou para sempre a nossa forma de ver o Mundo.

Uma linha férrea quase interminável

Foi numa manhã fria de Inverno que iniciámos este percurso pela História mundial recente. Tinha estado a nevar e as ruas de Oświęcim estavam cobertas de um manto branco que nos fez vestir os nossos casacos mais quentinhos. Apesar do frio, praticamente não existiam nuvens no céu. Sendo possível ver o imenso azul e sentir leves raios de sol pousarem-nos no rosto.
A viagem até Auschwitz não seria longa, pois os campos ficavam a apenas alguns minutos do nosso alojamento. Seguimos então viagem os cinco. A curiosidade era evidente em cada um de nós.
À medida que nos íamos aproximando do lugar, tudo ia, gradualmente, mudando. O céu luzidio transformou-se numa tela escura, com nuvens gordas e cinzentas, que quase pareciam querer desabar sobre nós a qualquer instante. Corvos em bando sobrevoavam as imediações de Auschwitz num canto assustador, como que a encaminhar-nos. Custava a crer que, após tanto tempo, estávamos mesmo ali.

Rapidamente percebemos que éramos os primeiros visitantes do dia, ao chegar àquele lugar vazio. Estacionámos o carro e um silêncio paralisante invadiu aquele habitáculo. Parecia que não sabíamos bem o que fazer ou como agir e um longo arrepio ia percorrendo os nossos corpos vezes sem conta.

A pé, percorremos a linha férrea de entrada no campo, num caminho não muito longo mas emocionalmente exaustivo. A cada passo sobre aquele chão, parecíamos sentir o estremecer da chegada dos vagões de madeira, sem portas ou janelas, carregados de pessoas rumo à morte certa. Não falámos. Não era preciso falar. Aquela caminhada pareceu-nos uma espécie de catarse. E embora o campo estivesse vazio (para além de nós os cinco), estava carregado de uma energia pesada que o próprio frio adensava.

Auschwitz I – “O trabalho liberta

Por cima dos portões da entrada para o Auschwitz I, vimos a conhecida frase alemã “Arbeit macht frei”“ (“O trabalho liberta”), já um pouco enferrujada e com flocos de neve por derreter. Era assim que os prisioneiros eram recebidos pelo regime nazi. Num lugar que nada tinha de libertador.
Não nos foi possível visitar este campo, pois estava fechado. Mas ao espreitarmos pelo portão, era possível ver um corredor largo, ladeado por edifícios em tijolo e por árvores de troncos escuros, despidas de folhas. Como se o sofrimento tivesse chegado até elas e ali se tivesse enraizado até hoje. Ali, num complexo com 16 edifícios, funcionavam entre outros, o centro administrativo e o conhecido Bloco 11. O local onde procediam aos mais diversos e horrendos tipos de tortura até à morte. Neste campo, havia também uma câmara de gás e um crematório onde os prisioneiros eram chacinados, depois de lhes serem retirados pertences, cabelos, próteses e toda a dignidade enquanto seres humanos. 

Lembrando-nos de tudo o que tínhamos visto em documentários, a emoção começou a ser mais forte do que cada um de nós. Lágrimas que pareciam ribeiros sobre os nossos rostos, gelados pelo frio e por uma dor que, no fim de contas, era já também um pouco nossa.

Auschwitz II – Birkenau

Em Auschwitz II – Birkenau, sentimos definitivamente o horror de perto. Ali já não havia grande seleção dos indivíduos que chegavam nos vagões. Afinal, Birkenau não passava de um terreno imenso onde haviam sido construídas câmaras de gás para o extermínio da população não-alemã e que não estava apta para trabalhos forçados.
Assim, mulheres, crianças, idosos e deficientes eram de imediato inspecionados e levados para as câmaras de gás. Para um “banho” que mais não era do que uma morte lenta, através de pastilhas de cianeto. Assim, estas eram despejadas a partir de aberturas no teto e sufocavam quem ali estivesse.

Num choro quase compulsivo e de coração apertado, parecíamos conseguir ouvir os gritos de desespero dos prisioneiros. Gritos que perduravam durante largos minutos e ecoavam dentro daqueles edifícios. Onde nem as paredes grossas eram capazes de abafar o som do sofrimento.
Em Auschwitz, a diferença era lei de morte. Por aqui passaram e morreram, entre 1940 e 1945, mais de um milhão de pessoas. Entre elas presos políticos, judeus, ciganos, homossexuais ou deficientes.

Fim da visita

Saímos daquele lugar com um pesar que era evidente nos nossos olhos. E, definitivamente, aquele não seria um dia de sorrisos para a câmara, como estávamos habituados a fazer.
Esta não foi uma visita normal. Foi uma viagem de agonia ao nosso passado recente, em silêncio, imersos numa realidade que ainda nos custa a crer que tenha acontecido. Ali, tudo é doloroso: dói ver, ouvir, sentir, mas sobretudo, dói saber.


Acima de tudo, queríamos muito conhecer Auschwitz. Mas temos a certeza de que não queremos voltar. Contudo, sugerimos a todas as pessoas esta visita como uma tomada de consciência sobre o que aconteceu no passado, de tudo o que o ser humano foi capaz de fazer a si mesmo, para garantir que não se volta a repetir.

Aqui podes ver o vídeo que conseguimos fazer em Auschwitz, com todo o respeito pelas vítimas do Holocausto.

Apesar do pesar deste artigo, queremos dizer-te que no nosso blog, todos os outros artigos estão carregados de boa energia.
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Beijinhos, abraços e lambidelas

Sara, Pedro e RAFITA 🐶

por:

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